Se não é
possível vencer um inimigo, una-se a ele, certo? O inimigo neste caso é o
futebol. Se antes ele já dominava a cabeça do namorado ou marido nas
quartas-feiras à noite, sábados e domingos, agora, para desespero de muitas
mulheres, a história complicou com a chegada da Copa das Confederações e da
Copa do Mundo aqui no Brasil. Mas, foi pensando em colocar fim nesta “guerra”
que o jornalista e professor universitário Álvaro Filho lançou o livro Tudo o
que as mulheres queriam saber sobre futebol, mas tinham medo de perguntar - um
guia de e-bolso para os tempos de Copas das Confederações e Copa do Mundo
(Editora Simplíssimo Autores, R$10 - livro digital). Objetivo? Fazer com que as
mulheres reconquistem “o terreno perdido para este maldito esporte”.
E a missão não
é impossível. Em entrevista ao Terra, Álvaro afirmou que existem muitos casos
em que o futebol vive em harmonia entre o casal. Ele conta que a atual namorada
gosta do esporte e por isso “ir ao estádio, por exemplo, é um programa tão do
casalzinho quanto um cinema ou restaurante”. Viram? Há esperança.
Não é
necessário amar o esporte, mas deixar a relação menos turbulenta é o melhor
caminho. “Aceitar que o relacionamento do casal é, na verdade, um triângulo
amoroso, já é um grande passo”. Sem discutir se a frase anterior tem muito ou
pouco de exagero, fato é que odiar e jogar praga no time não resolve, então que
tal entender mais o esporte, regido por 17 normas básicas e que foi trazido
para o Brasil em 1894 por Charles Miller (sim, o mesmo que dá o nome à praça do
Estádio do Pacaembu, em São Paulo). Para isso, o Terra traz algumas dicas do
livro de Álvaro Filho e um glossário para entender melhor esse “terceiro
elemento” da relação.
Vamos às
regras
Como “o futebol ensina que às vezes a
melhor defesa é o ataque”, o livro é uma boa tática para dominar o terreno
nestes tempos de grandes eventos esportivos e, para facilitar, usa uma
linguagem engraçada, tenta aproximar as regras do jogo ao universo feminino e
foi feito para ser lido em 90 minutos.
Depois de contar a história do futebol, o autor explica quem é quem em campo e refere-se aos jogadores no capítulo “Além das coxas grossas”. Depois de entender quem está no gramado, é hora de saber o que eles fazem por lá. Defesa, ataque e as jogadas de meio-de-campo até chegar ao gol são detalhadamente explicadas, mas o tal do “impedimento” merece um capítulo especial só para ele.
E isto não acontece porque o livro é teoricamente voltado para as mulheres, mas
porque “pesquisas científicas constataram que o cérebro humano (ou seja, tanto
do homem quanto da mulher) não consegue captar precisamente o momento em que o
impedimento acontece”, esclarece no início do capítulo cinco. Segundo Álvaro
Filho, até árbitros e bandeirinhas, profissionais especializados no assunto,
cometem erros. “Talvez para o herói de Matrix ou algum cavaleiro Jedi isso seja
fácil, mas para nós não é. Requer prática”, explicou ao Terra.
Estar por dentro destas regras práticas pode acabar com aquelas perguntas -
feitas, segundo os homens, em momentos inoportunos. “Nada irrita mais aos
homens que deixar de assistir ao jogo para ficar dando explicações sobre as
regras do futebol.” Na sua casa, isso pode acabar e, quem sabe, futebol virar
assunto para mais conversas do que discussões.
É hora do gol,
mas cuidado com o impedimento!
É preciso ter calma. Por mais que os
homens possam gostar da companhia feminina no estádio ou no sofá, ainda há
algumas regras pela frente. “Coisas como mudar o seu time de futebol para
torcer pelo dele (a detestável virada de casaca) ou começar a ir ao estádio com
ele de uma hora para outra podem ser mal interpretadas, mesmo se feitas com a
maior boa vontade do planeta.”
Ir devagar é o melhor conselho. “Tudo é uma questão de equilíbrio e observação, de conversa, pois ao contrário do que diz o Arnaldo Cézar Coelho, a regra nem sempre é clara. Eu adoro ir aos jogos com a minha namorada. Acho que o abraço na hora do gol fica muito mais interessante”, afirma Álvaro.
Ter alguns cuidados é importante, mas não perder o jeito único e a feminilidade também é um segredo valioso, segundo o autor. “Eu acho que a mulher ainda tem muito a contribuir com o futebol. Até porque ela é capaz de ver o mundo com um olhar mais solidário, criativo e estético do que os sempre pragmáticos homens. Elas são muito bem-vindas ao clube”.
São tão bem-vindas que a ideia de escrever o livro surgiu depois que os cursos de Jornalismo Esportivo dados pelo autor começaram a ser muito procurados por alunas, chegando a ter até turmas exclusivas. Mas, apesar do interesse, elas não tinham muito conhecimento sobre o assunto. “O livro foi baseado em apostilas que fiz pensando nesse ‘time’ de alunas que ficava ‘voando’ nas aulas. Claro que não é para todas as mulheres, pois muitas delas entendem muito mais do assunto que eu, por exemplo”, explica o autor. Apesar de o futebol fazer majoritariamente parte de um mundo masculino, há sempre espaço para as mulheres. “Quando estava para lançar esse livro eu pensei que poderia ser tachado de ‘machista’. Mas é impossível falar do assunto por esse viés sem correr esse risco. Só que não vejo isso como uma questão de gênero, e sim, cultural”, explica Álvaro.
GLOSSÁRIO
Amistosos
Jogos que não valem nada, mas que os
homens assistem assim mesmo
Balançar o véu da noiva
Balançar o véu da noiva
Seria o pesadelo de toda noiva, não
fosse uma maneira diferente de dizer que a bola parou no fundo das redes
Caçar borboleta
Caçar borboleta
Além de correr e chutar, eles também têm
tempo para isso? Talvez até tenham, mas quem é o verdadeiro caçador de
borboletas é o goleiro que não consegue pegar a bola com as mãos
De letra
De letra
Botar a bola para dentro com um toquinho
de classe não está no dicionário
Esquemas táticos
Esquemas táticos
Espécie de estratégias de ação, como por
exemplo quando se fala em 4-4-2 ou 3-5-2 está se referindo ao número de
jogadores em cada setor do campo, excetuando o goleiro. Por exemplo: no 4-4-2,
jogam quatro jogadores na defesa, quatro no meio-campo e dois no ataque. No
3-5-2, três atletas são responsáveis por defender, cinco estão no meio e dois
têm a função primordial de furar a linha de zagueiros adversária
Fungar no cangote
Fungar no cangote
Mais adequado num agito de forró, mas
quem anda fungando o cangote do outro é o marcador, que não descola do
adversário
Gasoseiro
Gasoseiro
O ambulante que anda com uma caixa de
isopor nas costas e que adora ficar na sua frente durante os lances de perigo
Homem a homem
Homem a homem
A marcação homem a homem parece coisa de
mulher ciumenta e é bem por aí mesmo. Acontece quando o marcador vira uma
sombra do adversário
Impedimento
Impedimento
Ninguém pode continuar jogando se, ao
receber um passe, não tiver, entre ele e o goleiro, outro atleta da equipe
rival no meio. Lei de 1866. Claro, há exceções: existem possibilidades de um
atleta não estar impedido independente de onde ele esteja. A primeira acontece
quando o jogador é lançado por um companheiro de time e comece a correr em seu
próprio campo, ou seja, antes da linha que separa o campo ao meio. Nessa
situação, a jogada segue mesmo se não tiver algum adversário entre ele e o
goleiro. Aí não tem tia solteirona que dê jeito. O impedimento também não vale nas
cobranças de lateral. Como o arremesso é com a mão, o jogador pode curtir a
banheira sem ser punido pelo árbitro por estar molhando o gramado.
Jogar pedra em santo
Jogar pedra em santo
Um pecado e tanto, e não precisa ser uma
beata para saber que o pior castigo é a derrota
Lá onde a coruja dorme
Lá onde a coruja dorme
O futebol não tem preocupações
ecológicas. A coruja dorme no encontro da trave com o travessão, no chamado
ângulo do gol
Meio-campo
Meio-campo
Jogador que tem a função de levar a bola
da defesa para o ataque por via terrestre, sem recorrer à ponte-aérea dos
chutões
Na banheira
Na banheira
Soa como uma sugestão para um momento a
dois, só que estar na banheira é coisa de jogador preguiçoso, que fica colado
no goleiro do outro time esperando a bola chegar
Orelha da bola
Orelha da bola
Fala baixo para ela não ouvir. É quando
o jogador não acerta direito o chute e pega de raspão na gorduchinha
Pimba na gorduchinha
Pimba na gorduchinha
Gosto não se discute e todas têm o
direito à felicidade. Até mesmo a bola, chutada em direção ao gol
Quebrar o jejum
Quebrar o jejum
Nada melhor que um bom café-da-manhã
após uma noite de sono. Imagine, então, conquistar um título depois de anos na
fila de espera
Rosca
Rosca
Geralmente, uma delícia. Em campo também
é saboroso o passe dado com a parte lateral externa do pé
Saia
Saia
Jogar de saia parece coisa de futebol
escocês, mas até lá há quem leve a bola por debaixo das pernas
Tapetão
Tapetão
Você só pensa no estrago que as
chuteiras vão fazer no tapete, mas estrago maior ainda é ver as decisões de
dentro de campo serem tomadas nos tribunais
Último homem
Último homem
Antes de agarrá-lo com unhas e dentes,
ouça bem: é o último homem entre a bola e o goleiro
Volante
Volante
Atua no meio-de-campo e se situa entre a
grande área e o círculo central, região também conhecida como intermediária.
Deve sair com a bola para o ataque e marcar o adversário
Zona do agrião
Zona do agrião
Nada a ver com vegetarianismo, e sim, é
o lugar onde a grama não nasce: a área onde fica o goleiro.
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