sexta-feira, 21 de junho de 2013

Como ser "amiga" do futebol

 
Se não é possível vencer um inimigo, una-se a ele, certo? O inimigo neste caso é o futebol. Se antes ele já dominava a cabeça do namorado ou marido nas quartas-feiras à noite, sábados e domingos, agora, para desespero de muitas mulheres, a história complicou com a chegada da Copa das Confederações e da Copa do Mundo aqui no Brasil. Mas, foi pensando em colocar fim nesta “guerra” que o jornalista e professor universitário Álvaro Filho lançou o livro Tudo o que as mulheres queriam saber sobre futebol, mas tinham medo de perguntar - um guia de e-bolso para os tempos de Copas das Confederações e Copa do Mundo (Editora Simplíssimo Autores, R$10 - livro digital). Objetivo? Fazer com que as mulheres reconquistem “o terreno perdido para este maldito esporte”.

E a missão não é impossível. Em entrevista ao Terra, Álvaro afirmou que existem muitos casos em que o futebol vive em harmonia entre o casal. Ele conta que a atual namorada gosta do esporte e por isso “ir ao estádio, por exemplo, é um programa tão do casalzinho quanto um cinema ou restaurante”. Viram? Há esperança.

Não é necessário amar o esporte, mas deixar a relação menos turbulenta é o melhor caminho. “Aceitar que o relacionamento do casal é, na verdade, um triângulo amoroso, já é um grande passo”. Sem discutir se a frase anterior tem muito ou pouco de exagero, fato é que odiar e jogar praga no time não resolve, então que tal entender mais o esporte, regido por 17 normas básicas e que foi trazido para o Brasil em 1894 por Charles Miller (sim, o mesmo que dá o nome à praça do Estádio do Pacaembu, em São Paulo). Para isso, o Terra traz algumas dicas do livro de Álvaro Filho e um glossário para entender melhor esse “terceiro elemento” da relação.

Vamos às regras
 
Como “o futebol ensina que às vezes a melhor defesa é o ataque”, o livro é uma boa tática para dominar o terreno nestes tempos de grandes eventos esportivos e, para facilitar, usa uma linguagem engraçada, tenta aproximar as regras do jogo ao universo feminino e foi feito para ser lido em 90 minutos.

Depois de contar a história do futebol, o autor explica quem é quem em campo e refere-se aos jogadores no capítulo “Além das coxas grossas”. Depois de entender quem está no gramado, é hora de saber o que eles fazem por lá. Defesa, ataque e as jogadas de meio-de-campo até chegar ao gol são detalhadamente explicadas, mas o tal do “impedimento” merece um capítulo especial só para ele.

E isto não acontece porque o livro é teoricamente voltado para as mulheres, mas porque “pesquisas científicas constataram que o cérebro humano (ou seja, tanto do homem quanto da mulher) não consegue captar precisamente o momento em que o impedimento acontece”, esclarece no início do capítulo cinco. Segundo Álvaro Filho, até árbitros e bandeirinhas, profissionais especializados no assunto, cometem erros. “Talvez para o herói de Matrix ou algum cavaleiro Jedi isso seja fácil, mas para nós não é. Requer prática”, explicou ao Terra.

Estar por dentro destas regras práticas pode acabar com aquelas perguntas - feitas, segundo os homens, em momentos inoportunos. “Nada irrita mais aos homens que deixar de assistir ao jogo para ficar dando explicações sobre as regras do futebol.” Na sua casa, isso pode acabar e, quem sabe, futebol virar assunto para mais conversas do que discussões.
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É hora do gol, mas cuidado com o impedimento!

É preciso ter calma. Por mais que os homens possam gostar da companhia feminina no estádio ou no sofá, ainda há algumas regras pela frente. “Coisas como mudar o seu time de futebol para torcer pelo dele (a detestável virada de casaca) ou começar a ir ao estádio com ele de uma hora para outra podem ser mal interpretadas, mesmo se feitas com a maior boa vontade do planeta.”

Ir devagar é o melhor conselho. “Tudo é uma questão de equilíbrio e observação, de conversa, pois ao contrário do que diz o Arnaldo Cézar Coelho, a regra nem sempre é clara. Eu adoro ir aos jogos com a minha namorada. Acho que o abraço na hora do gol fica muito mais interessante”, afirma Álvaro.

Ter alguns cuidados é importante, mas não perder o jeito único e a feminilidade também é um segredo valioso, segundo o autor. “Eu acho que a mulher ainda tem muito a contribuir com o futebol. Até porque ela é capaz de ver o mundo com um olhar mais solidário, criativo e estético do que os sempre pragmáticos homens. Elas são muito bem-vindas ao clube”.

São tão bem-vindas que a ideia de escrever o livro surgiu depois que os cursos de Jornalismo Esportivo dados pelo autor começaram a ser muito procurados por alunas, chegando a ter até turmas exclusivas. Mas, apesar do interesse, elas não tinham muito conhecimento sobre o assunto. “O livro foi baseado em apostilas que fiz pensando nesse ‘time’ de alunas que ficava ‘voando’ nas aulas. Claro que não é para todas as mulheres, pois muitas delas entendem muito mais do assunto que eu, por exemplo”, explica o autor. Apesar de o futebol fazer majoritariamente parte de um mundo masculino, há sempre espaço para as mulheres. “Quando estava para lançar esse livro eu pensei que poderia ser tachado de ‘machista’. Mas é impossível falar do assunto por esse viés sem correr esse risco. Só que não vejo isso como uma questão de gênero, e sim, cultural”, explica Álvaro.

GLOSSÁRIO

Amistosos
Jogos que não valem nada, mas que os homens assistem assim mesmo

Balançar o véu da noiva
Seria o pesadelo de toda noiva, não fosse uma maneira diferente de dizer que a bola parou no fundo das redes

Caçar borboleta
Além de correr e chutar, eles também têm tempo para isso? Talvez até tenham, mas quem é o verdadeiro caçador de borboletas é o goleiro que não consegue pegar a bola com as mãos

De letra
Botar a bola para dentro com um toquinho de classe não está no dicionário

Esquemas táticos
Espécie de estratégias de ação, como por exemplo quando se fala em 4-4-2 ou 3-5-2 está se referindo ao número de jogadores em cada setor do campo, excetuando o goleiro. Por exemplo: no 4-4-2, jogam quatro jogadores na defesa, quatro no meio-campo e dois no ataque. No 3-5-2, três atletas são responsáveis por defender, cinco estão no meio e dois têm a função primordial de furar a linha de zagueiros adversária

Fungar no cangote
Mais adequado num agito de forró, mas quem anda fungando o cangote do outro é o marcador, que não descola do adversário

Gasoseiro
O ambulante que anda com uma caixa de isopor nas costas e que adora ficar na sua frente durante os lances de perigo

Homem a homem
A marcação homem a homem parece coisa de mulher ciumenta e é bem por aí mesmo. Acontece quando o marcador vira uma sombra do adversário

Impedimento
Ninguém pode continuar jogando se, ao receber um passe, não tiver, entre ele e o goleiro, outro atleta da equipe rival no meio. Lei de 1866. Claro, há exceções: existem possibilidades de um atleta não estar impedido independente de onde ele esteja. A primeira acontece quando o jogador é lançado por um companheiro de time e comece a correr em seu próprio campo, ou seja, antes da linha que separa o campo ao meio. Nessa situação, a jogada segue mesmo se não tiver algum adversário entre ele e o goleiro. Aí não tem tia solteirona que dê jeito. O impedimento também não vale nas cobranças de lateral. Como o arremesso é com a mão, o jogador pode curtir a banheira sem ser punido pelo árbitro por estar molhando o gramado.

Jogar pedra em santo
Um pecado e tanto, e não precisa ser uma beata para saber que o pior castigo é a derrota

Lá onde a coruja dorme
O futebol não tem preocupações ecológicas. A coruja dorme no encontro da trave com o travessão, no chamado ângulo do gol

Meio-campo
Jogador que tem a função de levar a bola da defesa para o ataque por via terrestre, sem recorrer à ponte-aérea dos chutões

Na banheira
Soa como uma sugestão para um momento a dois, só que estar na banheira é coisa de jogador preguiçoso, que fica colado no goleiro do outro time esperando a bola chegar

Orelha da bola
Fala baixo para ela não ouvir. É quando o jogador não acerta direito o chute e pega de raspão na gorduchinha

Pimba na gorduchinha
Gosto não se discute e todas têm o direito à felicidade. Até mesmo a bola, chutada em direção ao gol

Quebrar o jejum
Nada melhor que um bom café-da-manhã após uma noite de sono. Imagine, então, conquistar um título depois de anos na fila de espera

Rosca
Geralmente, uma delícia. Em campo também é saboroso o passe dado com a parte lateral externa do pé

Saia
Jogar de saia parece coisa de futebol escocês, mas até lá há quem leve a bola por debaixo das pernas

Tapetão
Você só pensa no estrago que as chuteiras vão fazer no tapete, mas estrago maior ainda é ver as decisões de dentro de campo serem tomadas nos tribunais

Último homem
Antes de agarrá-lo com unhas e dentes, ouça bem: é o último homem entre a bola e o goleiro

Volante
Atua no meio-de-campo e se situa entre a grande área e o círculo central, região também conhecida como intermediária. Deve sair com a bola para o ataque e marcar o adversário

Zona do agrião
Nada a ver com vegetarianismo, e sim, é o lugar onde a grama não nasce: a área onde fica o goleiro.

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