terça-feira, 20 de novembro de 2007

A síndrome do coração partido

O choque causado pela dor emocional de uma perda repentina ou uma notícia inesperada libera uma descarga de hormônios no organismo, como a adrenalina e a noradrenalina. Um estresse emocional repentino pode provocar danos graves ao coração, muito semelhantes ao infarto, com a diferença que pode ser reversível. Esse quadro é conhecido pelos médicos como cardiomiopatia provocada por estresse ou síndrome do coração partido, atingindo 95% das mulheres de meia idade.
Na maioria das vezes, os pacientes recebem o diagnóstico errado de ataque cardíaco, quando, na verdade, estão sofrendo uma contínua descarga de adrenalina e outros hormônios do estresse na corrente sanguínea, que abalam o coração produzindo sintomas típicos de infarto como dor no peito e dificuldade de respirar. Em alguns casos, o eletrocardiograma indica o infarto, mas o ecocardiograma e a coronariografia mostram que a lesão é superficial.
Os primeiros relatos da síndrome do coração partido surgiram no Japão, no início dos anos 90. Em 2001, o primeiro estudo com 88 pacientes foi divulgado na revista American College of Cardiology e após essa primeira publicação, novos casos foram relatados em países do Ocidente. A síndrome do coração partido é conhecida cientificamente como Acinesia Apical, mas foi batizada pelos japoneses como Síndrome de Takotsubo, ou Síndrome da Armadilha de Polvo, porque suas imagens no cateterismo cardíaco assemelham-se às armadilhas usadas pelos pescadores para apanhar polvos.
Em 2005, cientistas da John Hopkins, em Baltimore, descobriram a relação entre o estresse emocional e a cardiomiopatia. O estudo foi publicado na revista New England Journal of Medicine, sendo um auxílio para os médicos distinguirem entre a cardiomiopatia provocada pelo estresse e o ataque cardíaco, assegurando ao paciente que no primeiro caso, não são provocados danos permanentes ao coração. A síndrome do coração partido atinge mulheres a partir dos 50 anos, sendo raros os casos de morte. Mas devem ser tomados cuidados porque a elevada descarga de hormônios causa arritmia e choque de pulmão. O ideal é que a paciente seja internada numa unidade de tratamento intensivo. Após a fase aguda, a recuperação do coração é espontânea, não deixando seqüelas.
No dia-a-dia, estamos expostos às mais variadas situações estressantes, algumas são inevitáveis, como os casos de perdas familiares. Mas, em outras situações, depende da nossa maturidade dar a dimensão adequada ao momento que estamos vivendo. Como o texto acima mostrou não é uma boa idéia fazer tempestade num copo d’água, pode custar caro ao coração.

Um comentário:

Unknown disse...

nooosa, que profundo!