quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Pilha fraca

Você é incapaz de passar o delineador para ir para a balada? Recusa o happy hour porque não vê a hora de chegar em casa e se jogar no sofá? Bufa ao menor sinal de esforço? Esses sinais são típicos de quem, dia sim, outro também, reclama que está eternamente cansada. A solução pode estar mais próxima do que você pensa. Dados recentes de pesquisas de neurociência mostram que a atividade física intensa – a velha e conhecidíssima aeróbica – e um ambiente de vida “enriquecido” têm o poder de reativar e regenerar o cérebro, independentemente da idade, potencializando os efeitos positivos dos tratamentos psicológicos e físicos.

A personal trainer Carla Belotto, da Bio Ritmo de Santo André (SP), endossa: “O exercício aeróbio pode ser o mais recomendado para essa primeira fase, porque ajuda na liberação do cortisol, aliviando o estresse e a agitação”. Além disso, Carla explica que a atividade física aumenta a temperatura corporal, produzindo um efeito calmante e... Você já sabe, quanto mais calminha, mais o corpo fica descansado, pronto para viver mil e uma emoções! Já como o organismo vai responder a esses novos estímulos é um mistério: pode variar, dependendo da quantidade de vezes que você se exercita por semana e das respostas fisiológicas e hormonais, entre outras. “Porém, se você se exercitar regularmente de três a quatro vezes por semana, os resultados podem aparecer logo nos primeiros meses”, afirma a personal, que aproveita para dar algumas dicas para quem trabalha longas horas sentada: “É importante mudar de posição ou deslocar-se, levantando várias vezes ao longo do dia. Enquanto sentada, flexione e estenda os joelhos, mude o apoio dos pés, incline o tronco um pouco para trás ou para frente, para relaxar, e alongue os braços e as mãos”. Mais: embora a gente sempre repita, é bom lembrar que os exercícios produzem endorfinas no cérebro, substâncias químicas que promovem a sensação de bem-estar.
Dieta para acelerarQuem faz parte do time que já acorda cansado precisa saber que isso pode estar relacionado à sobrecarga tóxica que o organismo deveria ter eliminado durante o sono. Para despertar pronta para tudo, siga as regras que a nutricionista Eliane Tagliari, de Curitiba (PR), indica...

...pela manhã – “Segundo a medicina tradicional chinesa, entre 5h e 7h o intestino grosso é o órgão com a capacidade máxima de energia. Portanto, comece o dia com um generoso copo de água, seguido de uma boa porção de frutas frescas com cereal integral, tipo aveia ou farinha de linhaça, ricos em fibras, lignanas e ômega 3, que irão ajudar no processo de eliminação.” Das 7h às 9h é o horário do estômago... E não torça o nariz para o que vai ler: nesse período evite café – em jejum, ele é muito estimulante, mas irrita a mucosa gastrointestinal. “Tome um chá de hortelã (rico em mentol) ou erva-doce (com anetol), que melhoram a motilidade e a digestibilidade.” Entre 9h e 11h, quem comanda é a dobradinha baço-pâncreas, por isso faça um lanchinho com uma fatia de pão integral com geleia orgânica ou uma barra de cereal, que tem fibras e carboidratos de liberação lenta de energia. A partir daí entramos em um período crítico: quem exagera no almoço volta para o serviço cansada e sonolenta. Truque legal é tomar um chá de hortelã por volta das 11h, porque ele ajuda na produção de enzimas digestivas e evita o tal sono pós-prandial, isso é, “depois da refeição”.

...à tarde – Atenção: das 11h às 13h, o órgão de maior energia é o coração, e ele pede uma refeição com proteínas magras (peixe e frango), saladas verdes com diferentes tipos de folhas (de preferência as escuras), regadas a azeite de oliva, que tem gorduras boas e ômega 6. Eliane ensina: “Adicione algumas castanhas, porque são ricas em selênio, nutriente essencial para formar a glutationa, uma enzima antioxidante importante para o organismo”. Das 13h às 15h é o horário da absorção, comandado pelo intestino delgado, ou seja, a boa qualidade de seu almoço garantirá energia para seguir adiante. Das 15h às 17h é a bexiga que estará estimulada, então a sugestão é um suco de laranja, rico em potássio, que também evita o cansaço. Das 17h às 19h, os rins entram em cena: aposte em frutas como lima-da-pérsia, melancia, ou suco de maçã com salsão, que têm ação alcalinizante, importante no metabolismo renal.

...à noite – Como a circulação é o astro principal do jantar, entre 19h e 21h devem entrar proteínas magras (sardinha, salmão) e legumes como abobrinha e berinjela assadas, ou ainda uma boa sopa de legumes e mandioquinha salpicada com salsinha fresca, rica em silício, para fortalecer a parede dos vasos sanguíneos e linfáticos.

...nos finais de semana – Vai para a balada? Entre 21h e 23h, a melhor opção é uma porção pequena de açaí na tigela com uma banana-prata picada – fortalece os órgãos desse horário (coração, baço-pâncreas, pulmão) e a circulação. O açaí é rico em protoantocianidinas, que reforçam a parede dos vasos, além de dar um pique fantástico. Se a noite promete, evite exagerar no álcool e tome muita água. Já se você decidiu por um combo TV e pipoca, lembre-se de que das 23h à 1h é a vez da vesícula. Para estimular esse órgão, vá novamente de chá de hortelã ou limonada. De 1h às 3h da manhã é bom mesmo estar dormindo: quem domina é o fígado, e enquanto você está quietinha, ele pode executar um detox geral do organismo. Daí em diante, até as 5h, o sono é insubstituível, porque é a vez do pulmão: respirar lentamente e profundamente faz um bem danado.
 
Hormônios bioidênticosOutro tipo de “derrubadas” matinais ficam completamente pilhadas à noite e têm uma dificuldade enorme para dormir. Ao longo do dia tratam a fadiga com “baldes” de café, pó de guaraná, energéticos ou mesmo antidepressivos. “Mas muitas vezes a causa pode ser um déficit hormonal”, explica o médico Roberto Franco do Amaral, de Campinas (SP), pós-graduado em Nutrologia e membro da American Academy of Antiaging Medicine. Franco faz parte de uma nova geração de médicos que trocou a Terapia de Reposição Hormonal pela Modulação Hormonal com os chamados hormônios bioidênticos, cuja estrutura molecular é exatamente idêntica à dos equivalentes produzidos pelo nosso organismo. Quem fez diz que a diferença é brutal... para melhor! Na fadiga crônica o tratamento pode ser temporário, porque hoje já se sabe que os desequilíbrios hormonais independem da idade. “Se uma mulher de 22 anos se queixa de cansaço matinal, passou por algum evento estressante e os exames mostram que o cortisol não está em níveis ótimos, por que não repor esse hormônio de maneira controlada?” pergunta o especialista. “Outra diferença em relação às terapias hormonais tradicionais é que a realizada com hormônios bioidênticos trata o déficit parcial de cada hormônio e não o total, como feito na endocrinologia tradicional. Por isso falamos em níveis ótimos, que têm como referência pessoas jovens”, finaliza Franco do Amaral.

Fora, depressão!

Pilha fraca pode ser sinal de depressão? Claro que sim! “O cansaço persistente pode fazer parte de um quadro depressivo, mas é necessário distingui-lo do cansaço normal e daquele associado a uma doença física”, explica o psiquiatra Paulo Silva Belmonte de Abreu, professor do curso de Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria da UFRGS, em Porto Alegre (RS). “Um especialista costuma buscar detalhes: se o cansaço é proporcional à atividade que você faz, se ocorre por um único motivo (dentro de um contexto) ou em diferentes lugares, como tem evoluído ao longo do tempo, se você parou de se cuidar e prejudicou sua vida social e seu trabalho.” Paulo explica que muitas vezes essa “canseira” toda pode ter causas físicas, e entre elas estão problemas no coração, na tireoide, no pulmão, no fígado... “Na dúvida, fazemos uma revisão clínica para excluir esses fatores. Muitas vezes o cansaço durante o dia pode ser resultado de apneia do sono, diabetes descompensada ou hipotireoidismo.” Caso seja depressão mesmo, comece a se cuidar. Ela envelhece cérebro e corpo mais rapidamente, por causa de mecanismos inflamatórios e degenerativos ativados pela doença. Mas não desista se acha que não está melhorando: “Só em 60% dos casos dá para controlar no primeiro tratamento”, ele adverte.

Revista ANA MARIA BRAGA

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