Ser pró-ativo é pré-requisito essencial
para conquistar uma carreira de sucesso nos dias de hoje, seja qual for a área escolhida. Algumas pessoas,
porém, na ânsia de mostrar serviço e provar que são competentes, acabam
atropelando os outros - às vezes, até o próprio chefe -, provocando situações
incômodas na equipe e na empresa. Alguns exemplos? Se intrometer nas funções
alheias, querer avidamente se destacar em uma reunião, comandar um projeto sem
ser solicitado, assumir alguma tarefa do superior.
Até certo ponto, esse modo de agir pode
ajudar na profissão, pois mostra um lado empreendedor, vontade de crescer e até
oferece resultados à corporação. No entanto, o funcionário fominha costuma
gerar antipatia entre os colegas, que não conseguem se sobressair ou, na pior
das hipóteses, se sentem pisados.
Como não há carreira que sobreviva sem
que a pessoa saiba conduzir seus relacionamentos interpessoais, esse
comportamento precisa ser atenuado. Além disso, há uma linha tênue que separa a
pró-atividade exacerbada da ganância, da falta de profissionalismo e, muitas
vezes, até da falta de ética.
Tipos
de fominhas
De acordo com a psicóloga Fernanda
Marques, diretora da Clínica Ability - Intervenção Comportamental, há
diferentes tipos de fominhas.
Há aqueles que se acham muito
competentes e querem sair na frente. "Para atingir seus objetivos, eles
nem sempre são leais aos colegas. É aquele que tenta ficar de olho no que está
acontecendo e, às vezes, se apropria das ideias alheias", diz Fernanda.
Há também os autossuficientes, que
pensam que se bastam e, por isso, não trocam ideias com os outros, impedindo o
companheirismo na equipe. Já os ansiosos podem até ser eficientes, mas ignoram
hierarquia.
Segundo a psicóloga Triana Portal, os
fominhas costumam ter problemas emocionais relacionados à insegurança e
autoestima e apresentam dificuldade de lidar com frustrações.
"O que demonstra ser super seguro
pode, no fundo, usar de um mecanismo de defesa contra sua própria fragilidade.
O autossuficiente costuma ter uma arrogância inerente, acha que ninguém é tão
bom quanto ele. E o ansioso sofre por querer agradar o tempo todo, é carente,
precisa de aplausos, reconhecimento", afirma.
Sem
ingenuidade
Os fominhas não são ingênuos. Eles sabem
que, com suas ações desenfreadas, acabam passando por cima dos demais, mas veem
essa estratégia como uma qualidade, algo que lhes trará benefício.
De acordo com Mauricio Libreti de
Almeida, professor do curso de Gestão de Recursos Humanos da Umesp
(Universidade Metodista de São Paulo), é comum que eles justifiquem seus atos
colocando defeitos nos outros. "Eles costumam achar que os colegas são
ultrapassados, lentos e burocráticos", diz.
De fato, há pessoas que podem
simplesmente ter maior facilidade para desempenhar suas funções de modo mais
ágil que os demais, e a tarefa é sempre concluída com sucesso. Segundo
Cristiane Moraes Pertusi, doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano pela
USP (Universidade de São Paulo), esses são os trabalhadores que acabam ganhando
visibilidade e reconhecimento, mas que, equivocadamente, podem parecer que
querem se destacar propositadamente diante de chefes e colegas.
Como driblar os fominhas
Quando o fominha passa a invadir demais
o espaço alheio, é essencial fazê-lo enxergar que a maneira como ele age não é
de todo incorreta, mas não beneficia o grupo. "Ele deve saber que você tem
consciência de tudo e que está ali para se defender", afirma Triana.
Cabe ao chefe direto definir e impor
limites claros para caracterizar a hierarquia dentro da empresa, salientando o
que é permitido e o que não é permitido. "A hierarquia que envolve
responsabilidades e funções deve ser respeitada e seguida, garantindo sempre o
bom relacionamento entre as pessoas no ambiente de trabalho", diz a
psicóloga Fernanda Marques.
E os superiores precisam ficar atentos
para não reforçar ainda mais a sede de sucesso de um funcionário, tomando o
cuidado de não estimular excessivamente a competitividade.
"Entender o trabalho de quem está
abaixo e acima de você é extremamente importante para poder ter atitude sem
parecer fominha e com muito mais propriedade. O modelo pró-ativo ideal junta
tudo isso a uma excelente capacidade de ter bons relacionamentos interpessoais
dentro da empresa", diz Maurício Almeida, da Umesp.
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