terça-feira, 25 de junho de 2013

Vem pra rua, DILMA!

É impossível acompanhar a maior manifestação espontânea de nosso povo, sem refletir no que se passa em teu íntimo.
 
Imagino-te jovem, guerreira e corajosa na luta contra a ditadura, sonhando com a participação popular em defesa da pátria e o restabelecimento da democracia. Depois de tantos anos, eis-te erguida ao papel de condutora da nação.
 
Ninguém ousaria vaticinar que com índices de aprovação tão favoráveis, o teu governo haveria de se defrontar com tamanho levante pacífico, protestando a plenos pulmões: Chega de hipocrisia!
 
Lembras-te, Dilma? Não foi essa igualmente a tua peleja?! Acredito seja enorme o teu desencanto, ao verificar que a juventude agora está do lado oposto ao teu. Tu ainda não representas a esperança de venturosos dias para o sofrimento das gentes. As valiosas conquistas sociais já efetuadas não extinguem as prementes angústias e carências da multidão.
 
O maior problema brasileiro de saúde chama-se corrupção. Sua abordagem terapêutica é extremamente complexa porque adquiriu gravidade enorme. Desde um simples vereador, secretário municipal ou chefe de sindicato ou de autarquia até aos mais elevados postos dos três poderes da República, os que não agem de forma ilícita, gozam de privilégios inadmissíveis. E ninguém quer renunciar à mais comezinha e insignificante vantagem. O rigor da Lei deveria caminhar no sentido inverso ao atual, fiscalizando, reeducando e punindo de modo rápido e justo quanto mais instruído o cidadão e maior a representatividade de seu cargo ou a responsabilidade social de sua função.
 
Vê, Dilma, quão grande a tua oportunidade de servir à nossa Pátria Amada! Vence a inércia e a repetição enfadonha das atitudes superficiais; despreza as medidas paliativas que visam apenas abrandar a opinião pública. Enfrenta a raiz dos problemas. Esquece os compromissos partidários, os apadrinhamentos políticos, eivados de mentira e engodo. Desde o fim da ditadura militar, quase todos os presidentes viram-se sozinhos num determinado período, vivenciando a chance de liderar a nação, de verdade, ao lado do povo rumo à ordem e progresso que ansiamos. Todos eles, porém, preferiram acomodar-se ao apoio das instituições e ao vínculo com as forças já estabelecidas, adiando as inevitáveis transformações que brotam esplendidamente hoje em clamor generalizado. Recorda que a tua principal obrigação é para conosco: nós que te elegemos, ouvindo as influências que permitimos em nossa livre escolha. Ninguém manipula a vontade da população indefinidamente. Veste tua honradez e consciência cívica e age com a liberdade que sempre cultivaste.
 
Vem pra rua, Dilma! Não as avenidas apinhadas de gente, e sim as estradas de teu próprio coração. Retoma as lembranças empoeiradas dos teus mais antigos e acalentados ideais. Sopra-lhes vida nova, proveniente de tantas refregas e inúmeras lutas e revigora-os para a imensa batalha. Raríssimas pessoas poderiam, nesta hora tão decisiva, auscultar a alma popular e acolhê-la com o indispensável carinho como tu. Foste talhada espiritualmente para esse tremendo desafio...
 
Somos nós, os cidadãos anônimos que veneramos o Brasil como pátria idolatrada, que te abraçamos e pedimos a Deus que te ilumine para as nobres e severas deliberações que o momento exige.
 
Gilberto Ribeiro Vieira

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