domingo, 19 de maio de 2013

Modernismo soviético resgatado

  (Foto: Divulgação)
 
A herança arquitetônica da extinta União Soviética é pouco conhecida neste lado do Atlântico e mesmo nas paragens mais próximas do seu antigo território, como a Europa. A dissolução daquele enorme país parece ter dissipado também a sua memória e história. No entanto, a expressão do modernismo arquitetônico ali, seja no planejamento urbano ou nos edifícios, desperta interesse por sua diversidade, complexidade e pelo caráter regionalista das obras. Fruto de um projeto de valorização e resgate das obras daquele período, que, em sua maioria, estão em mau estado hoje, os curadores Katharina Ritter, Ekaterina Shapiro-Obermair e Alexandra Wachter montaram a exposição Modernismo Soviético 1955-1991: Histórias Desconhecidas, em Viena.
 
Um primeiro ponto a ser notado é a permeabilidade da chamada Cortina de Ferro. A influência de arquitetos como Frank Lloyd Wright, Le Corbusier, Oscar Niemeyer, Kenzo Tange e Alvar Aalto é facilmente identificada na arquitetura moderna soviética. Porém, as obras que se ergueram nesta parte do globo até o início dos anos 1990, muitas vezes, extrapolaram em sua intenção utópica ou no experimentalismo estético – muitas delas com um franco ar futurista. São exibidos edifícios de 14 países que integraram a URSS no passado, cada um em um painel. Na seleção, constam tanto as tipologias que foram replicadas muitas vezes em solo nacional quanto aquelas de design único.
 
Do primeiro grupo, podem ser destacados os circos, em especial os invernais, considerados uma alternativa ao teatro. Muitos dos edifícios com esse programa tinham domos de concreto, como é o caso do Tashkent, de Genrikh Aleksandrovich e Gennady Masyagin. Os grandes mercados, às vezes, se assemelhavam aos circos. Também apareceram no período modernista muitas obras dedicadas à memória e ao luto, como os monumentos dedicados às vítimas do fascismo, aos soldados que lutaram na Segunda Guerra Mundial e aos heróis nacionais. Em geral, os projetos com essa temática tinham um aspecto bastante escultural. Por fim, as creches, escolas e os campi para jovens eram abundantes na antiga URSS.
 
Dentre as diferenças regionais, podem-se frisar a arquitetura dos Estados Bálticos e da Armênia. Estônia, Letônia e Lituânia eram destinos de férias, por seus cenários que pareciam ser europeus, muito influenciados pelo estilo escandinavo. Na atual capital estoniana, Tallin, houve muita experimentação em casas unifamiliares. Já na Armênia, o modernismo se materializou no intenso uso do mármore e da argila vermelha. O museu etnológico em Armavir, de Rafael Israelyan, é um bom exemplo. No entanto, muitas obras, de diferentes locais, estão em estado decadente e, muitas vezes, são irreconhecíveis. Por isso, essa exposição é tão relevante: é mais do que um evento educacional, é um importante exercício documental.
 
Modernismo Soviético 1955-1991: Histórias Desconhecidas
Onde: Architekturzentrum Wien
Endereço: Museumsplatz 1, 1.070, Viena, Áustria
Data: até 25 de fevereiro
 
  (Foto: Divulgação)

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