Terremotos, tornados, tufões, enchentes, secas
inclementes, inverno excessivo, calor acima do suportável, as guerras, as
drogas, assim como as epidemias, têm ceifado a vida de milhões de pessoas em
toda a nossa História.
Castigo de Deus? Fatalidade?
Acaso Deus, em Sua infinita misericórdia, não
poderia evitar esses eventos destruidores?
Como compreender esse intricado problema?
Em primeiro lugar, importa afirmar que, pelos
ensinamentos espíritas, não existe castigo nem de Deus, nem de quem quer que
seja. Tampouco ocorre a fatalidade, visto que todas as criaturas foram e são
dotadas de liberdade para pensar, falar e agir (livre arbítrio). O termo
fatalidade, assim, não existe no vocabulário espírita.
O livre arbítrio é uma das leis naturais. Todos
os Espíritos, no Universo, agem em função dessa lei. Nenhum Espírito pode
intervir no direito do uso do livre arbítrio de outro Espírito. Deus também não
intervém nesse direito. Afinal, Deus é o próprio criador das leis
naturais!
Os Espíritos utilizam-se do livre arbítrio
(isto é, da liberdade de pensar, falar e agir), limitados apenas pelo grau de
seu adiantamento espiritual. Quanto mais adiantado o Espírito, maior será a sua
liberdade. A sua liberdade está sempre na razão direta da sua
responsabilidade.
Todo e qualquer aprendizado do Espírito depende
de sua ação. Quando encarnado, realiza experiências materiais e extrai dessas
experiências novos conhecimentos para a sua evolução.
Os Espíritos se agrupam em grandes
coletividades para a realização de suas experiências. Existe, por assim dizer,
uma atração magnética entre eles, dentro de cada grau de evolução. No caso do
nosso planeta, pertencem à ordem dos espíritos inferiores, sujeitos às provações
e expiações.
Vamos explicar melhor. Provações significam
provas, testes, que os próprios Espíritos estabelecem antes de encarnar, para
medirem o grau de seu adiantamento espiritual. Não é uma imposição; é uma
escolha de cada um. Cada Espírito pode escolher uma ou mais provações para
passar durante a sua encarnação. Expiação significa efeito, consequência,
resultado de causas anteriormente produzidas. Causa e efeito, portanto é outra
lei natural.
Escrevemos em linhas anteriores que não existe
a fatalidade. Esse é um axioma da Doutrina Espírita. Quando ocorre um evento
qualquer, podemos dizer que é um efeito produzido segundo a inteligência, à
vontade e o pensamento de seus autores. A cada um dos efeitos registrados, se
ligarão as causas anteriores. Assim, não existem efeitos que não tenham as suas
causas, assim como não existem causas que não tenham seus efeitos.
Quando acontece, por exemplo, uma catástrofe de
grandes proporções, e que provoque a morte de grande número de pessoas, a
análise conduz à conclusão de que todas essas pessoas não morreram
(desencarnaram) por acaso; que não deveriam desencarnar. Porém, não se pode
afirmar apressadamente, que todas essas pessoas estiveram, necessariamente,
ligadas aos mesmos acontecimentos do passado.
Afirmamos que não existe o acaso nem a
fatalidade. Então poderá ser indagado: Qualquer dessas pessoas não poderia,
usando do seu livre arbítrio, deixar de estar no local da catástrofe e escapar
da morte? A resposta é sim, poderia. Apenas que, mesmo se ausentando do ambiente
do evento, isso não significaria que escaparia à desencarnação, se esse momento
tivesse chegado. É fácil confirmar isso, verificando que em todas as
catástrofes, a morte não ceifa a vida de todos.
O Espiritismo ensina que quando se aproxima o
momento da morte, por um ou outro meio, ela ocorre. Portanto, não é a maneira, o
processo pelo qual o fato acontece. O que vale mesmo é a repercussão de ordem
moral que isso ocorre com o Espírito.
Milton Felipeli
Artigo extraído do Jornal Segue a
Jesus nº 28
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