terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Especial Castrati: Castrados pelo amor à música

 

A terrível história dos Castrati, homens que tiveram seus testículos arrancados pelo amor à música.
 
Castrati eram jovens que foram castrados (tiveram seus testículos removidos) antes de atingir a puberdade, para garantir que suas vozes não engrossariam. O resultado era um homem cantor, porém com a voz de um soprano menino.
 
A fase adulta dava potência à voz e a falta do testículo a deixava fina como de criança. A falta de testosterona produzida pelos testículos causava alguns incômodos, como o crescimento anormal das epífises (nos ossos e articulações) e o endurecimento anormal das estruturas ósseas das costelas, por exemplo. Esses fatores, combinados com o treinamento intensivo, deu-lhes poder inigualável nos pulmões e grande capacidade de respiração. Os meninos, muitas vezes, eram alimentados com ópio para deixá-los inconscientes na operação. Uma vez castrados, os rapazes eram levados para conservatórios. No "Onofrio Conversatório di Sant", em Nápoles, durante o ano de 1780, o horário de trabalho era o seguinte: Na parte da manhã, uma hora de canto com passagens difíceis, uma hora de literatura e uma hora de canto na frente do espelho. À tarde, uma hora e meia de teoria de música, uma hora e meia de contraponto e improvisação e mais uma hora de literatura.
 
 

A história dos Castrati
O primeiro castrati foi relatado na Espanha por volta de 1550 e sua presença na Capela Sistina em Roma foi relatada em 1565. Antes, quem cantava na Capela eram os falsettisti que tinham vozes mais ágeis e um som mais rico. Na época houve um debate que, alguns falsettisti eram castrati. A mudança de falsettisti para castrati surgiu porque a voz dos meninos castrados era mais natural.
 
Os primeiros castrati eram conhecidos como Jacomo Spagnoletti e Martino, ambos foram internados no Coro da Capela Sistina, em 1588. Outros dois bons castratis foram mencionados nos arquivos de 1599, os italianos Pietro Folignani e Girolamo Rosini. Por volta de 1640, os castrati eram “utilizados” em toda a Itália, apesar dos muitos debates teológicos, a necessidade de música na igreja prevalecia sempre em relação à cirurgia de mutilação. Eles foram formalmente banidos da capela pelo Papa Pio X em 1903.
 
 Instrumento cirúrgico usado para extrair os testículos


O que de fato sabemos sobre eles?
 
Muitas coisas são conhecidas sobre eles. Por exemplo, eles não tinham permissão para se casar e cantar nas igrejas luteranas. Na França, cantores italianos castrati não foram acolhidos por causa de suas ornamentações excessivas e estilo de vida decadente. No século 17 e 18 na Itália, os castrati eram considerados sopranos naturais, enquanto os falsettisti, que possuíam todos os símbolos de masculinidade, eram subjulgados como vozes artificiais.
 
Eles eram tão preciosos que, em 1625, todos os sopranos no coro da Capela Sistina foram castrati. Concursos no tempo de Bach nos tribunais clericais de Veneza e de Roma, para peças teatrais, exigiam apenas os melhores castrati. No pico da época, havia cerca de 4.000 meninos na faixa etária entre 7 e 9 anos.



Castrati reunidos para o canto nas igrejas



O que as famílias diziam sobre isso?

Os castrati tinham nojo de seus pais e dos familiares por permitirem uma intervenção cirúrgica tão bárbara. A família Domenico Mustafá dizia para o jovem castrati, quando criança, que seus testículos teriam sido comidos por um porco e ele, sabendo que era mentira, sempre jurou que iria matar o seu pai por ter mentido por toda a vida.
 
Alessando Moreschi nasceu em uma grande família na cidade de Monte Compatri, perto de Frascati. Batizado no dia de seu nascimento, sua vida estava em perigo. Talvez, ele tenha nascido com uma hérnia, para justificar a castração como uma "cura", o que também era usado no século 19 na Itália. Ou, ele poderia ter sido castrado mais tarde, por volta de 1865, pois era o pico da prática dos castrati, para tornar soprano a voz de meninos talentosos. Em qualquer caso, muito mais tarde, ele acabou acostumando-se e gostando do seu destino, ficando feliz em cantar como um soprano na capela da Madonna Del Castagno, nos arredores da sua cidade natal.

Fonte: Jornal Ciência

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