Ainda não é oficial, mas não se assuste se nos próximos meses a ordem for apagar as luzes e economizar o quanto for possível no consumo de energia. Se o brasileiro não quer acordar no escuro, terá de mudar os hábitos e cortar os excessos da utilização de energia elétrica. Há poucos dias, o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, admitiu que o Brasil pode passar por outro racionamento ainda neste ano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu-lhe um puxão de orelha e fez o ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, desfazer as declarações de Kelman.
Lula prefere tratar a “crise energética” como uma preocupação controlável. Diz que não há risco de apagão, mas pede à população que economize energia. O governo nega, mas contra fatos não há o que discutir. Não puderam negar, por exemplo, a situação do setor, descrita pelo próprio diretor da Aneel.
O quadro é pessimista. Segundo Kelman, as hidrelétricas - que funcionam em sua maioria abaixo da capacidade de produção - sofreram com a ausência de chuvas. Obras para construção de novas usinas ficaram paradas à espera de estudos de impacto ambiental. E as termelétricas - solução apontada em 2001 quando o país amargou com o racionamento - também não funcionaram em sua totalidade.
Não têm óleo suficiente para acionar todas as turbinas e, mesmo que tivesse, não adiantaria. As termelétricas convencionais disponíveis no Brasil, movidas a gás, carvão ou óleo, estão todas em operação e produzem, em média, 4.622 megawatts/h. Ou seja, apenas 8,8% do total da produção nacional.
O governo diz não estar preocupado com a possibilidade de um novo apagão, mas demonstra, em suas intenções de investimentos, outra posição. Fato é que o carro-chefe do governo para os próximos três anos, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), destina 54,5% do seu orçamento para o setor elétrico. Ou seja, pouco mais de R$ 274 bilhões, que serão aplicados na construção de novas hidrelétricas e de sistemas de transmissão e distribuição de energia.
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